para desnudar-se é preciso pele
atrito adverso de sentir
palavra para a pele da dança
resistência na película d’água
nem parar os relógios
seguem areia
que dizem que há menos no mundo
um dia viveremos no espaço
como num sonho admirava com angústia em espaçonave minha vida com vista da janela para três luas
para sentir é preciso pele
para mostrar desnudar-se
qual coragem a pele tão perto de si é escudo?
tão fina essência a ponto de
entrega mais que proteção
osmose
qual experiência o sentir não mapeado
com quantas fugas a solidão
conforto tão perto tão longe senão
inclusive de si lesma
porque é preciso ter pele para estar desnudo
porque é preciso ter pele para restar no mundo
para ser sensível sensibilidade
morrer a pele em a idade acontecer de possibilidade
o quadro risca o giz
a existência riscou a pele de mundo
quantas coragens fazem o esforço
quantas consequências são menos reforço
ainda assim prefiro esta pele
menos fingir e outra escrita
maldisfarçar o poder
porque sentir é prazer de processo
melhor dizer o sensível no encantamento de si em mim mesma
não, não narciso
seria ofélia sua outra metade?
pele tem eco
dores querem abdicar da pele
tatuagens reivindicam-na
visto as palavras e danço
tão mais vasto é o mundo onde encontrar espaços
amar em devaneio
buscar o torto e o direito
vir a ser e o que resta
porque quero
essa pele não me esconde
o que atrita sangra
tanto quanto sol nalgum sorriso
pele também é mar, uréia, sal e tudo habito
é de carne e temporariedade que existo
de que preciso tão trivial quanto bicho
essa pele para o sensível
palavra experimento
liberdade do eu em mim até dizer além da pele
quem sabe um dia pedra, onda, flor, pássaro
ou outro que decida para si de mim a sua pele
Que poema maravilhoso. De emparedar e colocar na parede. Parabéns! Sem palavras para comentar, preciso de mais (muitas mais) leituras, até que ele se inscreva na… pele? 🙂
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Fiquei imaginando alguém colecionador de autógrafos tatuados… Olha que baita personagem! 🙂
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